REPÚBLICA

 

   
   
  Brasil República (Velha) é o quarto histograma da série aqui divulgada, visando correlacionar os acontecimentos da História do Brasil e Rio Grande do Sul, contextualizados com os fatos mundiais.
   
   
   

  

BRASIL REPÚBLICA (VELHA)   PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL   CONTEXTO MUNDIAL
         
1890 – Eleições à Constituinte Federal. Política econômica encilhamentista, protecionismo alfandegário, emissão e ampliação de crédito. Questão territorial com a Argentina.
        – Separa-se a Igreja do Estado, surge o registro civil: nascimentos, óbitos e casamentos.
  1890 – Sucessão de governos militares: Mar. Corrêa Câmara, Mar. Frota, Silva Tavares, Gen. Machado Bitencourt e finalmente o Gen. Cândido José da Costa.
        – Eleições para a Constituinte, o PRR sem concorrente, porém forma-se a União Nacional como oposição.
        – Surto industrial. E a população chega a 900.000 habitantes.
  1890 – 2ª Conferência Pan-Americana em Washington.
         – A expansão colonial imperialista retalha a África e a Ásia para a Inglaterra, França e Alemanha.
1891 – Promulgada a 1ª Constituição da República. Deodoro vence a Prudente de Moraes. Tratados comerciais com EUA: café, trigo, cereais, banha, manufaturados, têm oposição gaúcha.
        – Estado de Sítio. Deodoro renuncia, assume o Vice Floriano Peixoto, que destitui todos os presidentes dos estados.
  1891 – Dr. Fernando Abbott Presidente nomeado, sucede-lhe Júlio de Castilhos que, face ao Golpe de Estado, é substituído pela Junta Governativa Provisória: Assis Brasil, Barros Cassal e os generais Barreto Leite e Rocha Osório.   1891 – Inglaterra: auge Era Vitoriana.
         – Encíclica Rerum Novarum, que como O Capital (1827), objetivou a “questão operária”. Para Marx, o infortúnio do operariado decorria da presença do capital no processo produtivo, preconizando a abolição da propriedade privada, como também culpou a religião como fator de despersonalização do homem (materialismo histórico). Já a Encíclica, assevera que “o século passado destruiu sem substituir por coisa nenhuma as corporações antigas”, que eram para o trabalhador uma proteção; mais ainda, os princípios e o sentimento religioso desaparecem das leis e das instituições públicas, assim, pouco a pouco a usura voraz, de senhores desumanos, avilta e isola cada vez mais o indefeso operariado.
    1892 – A União Nacional transforma-se no Partido Republicano Federal – PRF.
        – Volta Silveira Martins do exílio e o PRF transforma-se em PFB (Federalista Brasileiro).
        – Assembleia Constituinte, com inspiração positivista
        – Expansão industrial: calçados, farinha, chapéus, confecções, papel.
   
1893 – Queda no preço do café. Inflação e emissão de moeda.
        – Rio: Revolta da Armada sufocada.
  1893 – Eclosão da Revolução Federalista com Gumercindo Saraiva e Joca Tavares contra Júlio de Castilhos, que assumira o governo em janeiro. Morto Gumercindo em combate, ao voltar de incursão pelo Paraná, o movimento declina, porém, reacende com Saldanha da Gama, partícipe da Revolta da Armada.   1893 – Crise econômica nos EEUU, o maior importador de café brasileiro.
1894 – Eleição de Prudente de Moraes, 1º presidente civil, fim da República de Espadas.       1894 – Itália invade a Abissínia, os japoneses a Coréia. Rússia e França fazem acordo: Tríplice Entente.
1895 – Ataque ao arraial de Canudos na Bahia.
        – Demarcação da fronteira com a Argentina.
  1895 – Assinado acordo de paz depois de Saldanha da Gama ser derrotado pelo Cel. João Francisco Pereira de Souza.   1895 – Surge o Cinema com Luís e Augusto Lumiére.
         – Raios-X: Rötgen
1897 – Sufocada Canudos, do místico Antônio Conselheiro e seguidores.
        – Crise: café superprodução.
       
1898 – Campos Sales, Presidente.
        – Recuperação da moeda (mil-réis). Empréstimo à Inglaterra, quita dívida externa de 8 milhões de libras.
  1898 – Borges de Medeiros sucede a Júlio de Castilhos (PRR).
        – O Sen. Pinheiro Machado representa no congresso o expoente político gaúcho.
        – Concentração industrial: pequenas são absorvidas. Expansão da lavoura colonial.
  1898 – Santos Dumont, em Paris, dirige o 1º balão, “Brasil”.
        – Guerra entre EUA e a Espanha, que cede as Filipinas por US$ 20 milhões, conquistados desde Felipe II.
        – Cuba independente.
1899 – Osvaldo Cruz debela a peste bubônica.
        – No Acre, movimento separatista (da Bolívia).
       
1900 – Surge a “política café com leite” ou “dos governadores”, S. Paulo e Minas exigem o reconhecimento da supremacia econômica. Coronelismo.        
        1901 – Fim da Era Vitoriana.
        – Teodoro Roosevelt e o Big Stick Norte-Americano.
1902 – Rodrigues Alves, Presidente.        
1903 – Tratado de Paz Brasil-Bolívia que cede o território do Acre.
        – Surto de febre amarela: Osvaldo Cruz inicia campanha de saneamento.
  1903 – Morre Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros assume o PRR.    
1904 – Usinas de açúcar no Nordeste, borracha na Amazônia e cacau na Bahia.   1904 – É introduzido o imposto territorial.   1904 – Guerra entre Rússia e Japão.
        – Entente Cordiale: autonomia inglesa no Egito, francesa no Marrocos.
1906 – Afonso Pena, Presidente: Café com Leite. Minas volta a economia de subsistência com a crise do café.
        – Mil-réis revalorizado.
  1906 – Fundação do Banco Pelotense. Expansão da lavoura de arroz em Cachoeira. Greve operária.   1906 – Santos Dumont consegue o histórico voo com o seu 14 Bis.
        – Etiópia derrota a Itália.
    1907 – Eleições para a sucessão de Borges de Medeiros, Carlos Barbosa (PRR) vence João Abbott (PRD). “Bloco Acadêmico” em apoio ao castilhismo.   1907 – Swift na Argentina. Acordo entre Rússia e Inglaterra. Conferência de Haia, Rui Barbosa representa o Brasil.
       – Gandhi, na África do Sul, lidera a 1ª campanha de desobediência civil.
1908 – Inicia a imigração japonesa em São Paulo.        
1909 – Morre Afonso Pena, assume Nilo Peçanha. Cândido Rondon cria o Serviço de Proteção ao Índio.   1909 – Pecuaristas promovem congressos visando à análise do setor.   1909 – Fim do Big Stick.
1910 – Campanha “civilista” e antiarmamentista para a presidência. Hermes da Fonseca vence a Rui Barbosa.   1910 – O Estado apoia Hermes da Fonseca. Programa da estabilização econômica e orçamento equilibrado. Crise na economia colonial imigrante.   1910 – Queda da Monarquia Portuguesa.
        – Revolução no México.
        – Japão anexa a Coréia.
    1911 – Ligação ferroviária RS-SP. Cooperativismo nas zonas coloniais.
        – Encampado o Banco Pelotense por 50.750 libras esterlinas.
  1911 – Swift no Uruguai.
        – EUA invade a Nicarágua. Itália obtém a Líbia.
        – Início da Revolução Chinesa.
1912 – A borracha sofre concorrência da Malásia, mas o café se recupera.
        – Revolta da Chibata: reação aos castigos corporais na Marinha.
  1912 – Indústria de fiação e tecelagem se ergue enquanto a pecuária ainda se ressente com a crise.   1912 – Guerra Balcânica.
1913 – Brasil ocupa o 3º lugar na produção de cacau.   1913 – Vetada a candidatura de Pinheiro Machado para presidente. Borges estabelece o Plano de Viação Geral do RGS.    
1914 – Venceslau Brás, Presidente.
        – Navios brasileiros afundados na costa de Santa Catarina e Rui Barbosa defende o ingresso do Brasil na Grande Guerra.
        – Inflação. Pinheiro Machado assassinado no Rio.
  1914 – Recuperação da lavoura colonial, expansão da orizicultura, pecuária tem melhora e pretende-se implantar um frigorífico.
        – Borges de Medeiros, enfermo: assume o Vice Salvador A. Pinheiro Machado.
  1914 – A Alemanha é expulsa da Ásia.
        – Tem início a Iª Grande Guerra. Aumento da demanda de gêneros alimentícios.
        – Aberto o Canal do Panamá.
1915 – Seca no Nordeste: 30.000 mortes e migração de 42.000 ao Sul.       1915 – Concentração da frota dos Aliados contra os alemães. Os EUA ocupam o Haiti e no ano seguinte S. Domingos.
1916 – Código Civil Brasileiro.       1916 – Einstein: Teoria Relatividade.
1917 – Nova valorização do café. Emissão de moeda.   1917 – Borges de Medeiros reassume a Presidência do Estado. Movimentos grevistas. Frigoríficos Swift, Armour e Rio-Grandense. Exportação de charque para Cuba.   1917 – Revolução Russa. Tem início a guerra submarina. EUA rompe com a Alemanha. EUA ocupa Cuba.
1918 – Rodrigues Alves eleito Presidente em março, falece em dezembro.   1918 – Frigorífico Wilson (ESA)   1918 – Fim da Grande Guerra.
1919 – Epitácio Pessoa, Presidente.   1919 – Apoio gaúcho a Epitácio Pessoa.
        – Borges de Medeiros encampa o Porto de R. Grande.
        –  Greves operárias.
  1919 – Tratado de Versalhes. Cria-se na Alemanha: República de Weimar.
        – Gandhi inicia ação na Índia.
    1920 – Viação Férrea Rio Grande do Sul encampando a francesa.
        – Crises: bancária e no abate de gado.
  1920 – Lei Seca nos EEUU e o aumento do consumo do café.
1921 – Crise política. 3ª operação de valorização do café.
        – Desvalorização da moeda.
        – Fundação da Siderúrgica Belgo-Mineira.
        – Movimento proletário, greves e reivindicações trabalhistas perturbam o Governo.
  1921 – Frigorífico Rio-Grandense vendido a um grupo inglês.
        – Crise na pecuária e Governo Federal não dá o apoio pretendido.
   
1922 – Revolta na Guarnição do Forte de Copacabana. 2ª crise das oligarquias. Reação Republicana: Arthur Bernardes contra Nilo Peçanha. Bernardes na Presidência. Movimento Tenentista, no Rio, filiado à IIIª Internacional.   1922 – Borges de Medeiros (PRR) vence a Assis Brasil (AL).
        – Crise econômico-financeira degenera em crise política e fomentará a Revolução de 23. Em dezembro, Tratado de Pedras Altas.
  1922 – Itália: O fascismo  de Mussolini toma o governo.
        – Teoria do Big-Bang sobre a origem do universo de Albert Friedmen.
        – Rússia torna-se URSS. Stalin no Poder, sem apoio de Lenine.
1923 – Crise econômico-financeira. Inquietação.       1923 – Palestina e Iraque sob o signo inglês, Líbia e Síria, francês.
1924 – Bernardes retorna à política deflacionária.
        – Eclode o Movimento Tenentista (SP) contra o Presidente, por perseguir os opositores e pela liberdade eleitoral.
        – A Coluna Prestes, contra o capitalismo, rompe com o tenentismo, percorrerá o País por 3 anos sem êxito.
  1924 – Levante tenentista de Luís Carlos Prestes, com apoio da oposição (Aliança Liberal – AL) a Borges de Medeiros, com Luís Carlos Prestes.   1924 – Morre Lenine.
        – Plano Dawes: recuperação econômica da Alemanha.
        1925 – Irã independente
1926 – Washington Luís, Presidente.
        – Fundado o Partido Democrático em São Paulo.
        – A Coluna Prestes preocupa.
  1926 – Crise na pecuária: frigoríficos param parcialmente. Arroz ascende.
        – Borges aceita política do “café com leite” e apoia Washington Luís.
   
1927 – O PD (paulista) e a AL (gaúcha) formam o PDN, Partido Democrático Nacional. Prossegue a política deflacionária. Getúlio Vargas, Ministro da Fazenda.   1927 – Formação da FARSUL e Sindicato do Vinho. VARIG, 1ª viação aérea brasileira.   1927 – Arábia Saudita: independente.
        – Itália: Carta del Lavoro.
        – China: Chaing Kai-Shec disputa o poder com Mao Tse-Tung (PCC).
    1928 – G. Vargas sucede a B. de Medeiros no Estado com política de defesa do setor agropecuário. Criação do Banco Estadual. Sindicato das charqueadas. Fundação do Partido Liberal. Frente Única Rio-Grandense.   1928 – URSS: sindicalismo e socialização total.
1929 – Superprodução do café. Colapso financeiro. Articulações da AL no R. G. do Sul com extensão a Minas e à Paraíba em favor de Getúlio Vargas para Presidência. Criação da CGT.       1929 – Crise na Bolsa de Nova York e o crédito mundial sofre retração.
        – Criação do Estado do Vaticano.
1930 – Eleições: Júlio Prestes vence a Getúlio Vargas. Articulações entre oligarquias e tenentes. João Pessoa, assassinado. W. Luís, deposto, Junta Militar Provisória entrega poder a Vargas.
        – Fim da 1ª República, das oligarquias no poder, do coronelismo, do café com leite, da fraude eleitoral e grande federalismo.
  1930 – Formação do Centro de Indústrias Fabril.
        – Getúlio Vargas toma em armas e se dirige para São Paulo, os mineiros para o Rio e os paraibanos para a Bahia.
  1930 – Projeta-se o nazismo.
        – A Grande Depressão nos EUA, que se estende até 1939.
        – Iraque independente.
         
         
   

Na busca de objetivos

Agora, teríamos um Brasil novo, passado a limpo, livre das inferências lusas ou estrangeiras, para usar um arraigado conceito que acompanha os sucessivos desajustes políticos e sociais. Ledo engano! Mudar o ordenamento político, não significa apenas remanejar, taticamente, a disposição constitucional, mudar implica no firme propósito geral, implica na reformulação das mentes, da vontade política. Sem rever os valores morais, sem enfocar a realidade livre de qualquer interferência subjetiva, seja de políticos, que as vezes se agrupam para impor seus desígnios escusos, seja das forças vivas de uma Nação, é apenas tangenciar a questão, ou o pior é remeter a outras gerações, cada vez mais emaranhadas em desafios acumulados. É permitir que falsos líderes com suas soluções mirabolantes prosperem.

A ideia da República, uma forma de governo que emana do povo mediante eleições, foi simpática a opinião pública. Mas parece, não teve alicerce nas teorias do liberalismo democrático, ou foi rapidamente distorcida, resultando numa República de Espadas (1889-1930), como denominam os livros de História. A influência militar, uma classe culturalmente bem nutrida, mas politicamente carente, sufocou aos políticos de modo a afastar a coerência ideológica que a forma de república federativa, sob a égide presidencialista deveria rumar.

No Rio Grande do Sul, a aura republicana já se revelara na Revolução Farroupilha, mas é com Júlio de Castilhos e Assis Brasil que sob a inspiração positivista, que tem o sentido de Pátria mais atuante. Floriano Peixoto, no Centro do País, é um militar feito político, defende as mesmas ideias. Porém tanto Júlio de Castilhos como Peixoto, são extremamente centralizadores, rechaçam compartilhar o poder. Assis Brasil com ideias mais participativas, põe-se em desalinho político. O autoritarismo vinga e o conceito de Pátria fica empanado.